fonte: CREMERJ

A reforma da Assistência Primária de Saúde (APS) do município do Rio de Janeiro e o plano de urgência e emergência para os Jogos Olímpicos foram tema de plenária temática realizada no CREMERJ, nessa terça-feira, 8. As palestras foram ministradas pela subsecretária de Promoção, Atenção Primária e Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, Betina Durovini, e pelo superintendente de Atenção Primária, Guilherme Wagner.
Durante a apresentação, Guilherme Wagner esclareceu que, em 2009, as mudanças na APS tiveram início com a criação das novas Clínicas da Família. Segundo o superintendente, essas unidades têm o objetivo de focar nas ações de prevenção, promoção da saúde e diagnóstico precoce de doenças. Guilherme Wagner também disse que, hoje, mais de 50% dos cariocas têm cobertura de saúde integral e a prefeitura pretende ampliar esse valor para 70% até o fim de 2016.  Atualmente, o município possui 86 clínicas nesse modelo.
“Esse trabalho reflete diretamente na redução do número de atendimentos de casos de atenção primária que lotam os hospitais”, explicou.
Na sequência, o superintendente e a subsecretária esclareceram que o novo modelo de atendimento está com foco em duas frentes: Centros Municipais de Saúde (CMS) e Clínicas da Família, que incluem uma gama de serviços maior. Eles explicaram que os pacientes que necessitam de cuidados mais especializados são encaminhados para a regulação e direcionados a unidades de referência.
“Nós entendemos que os especialistas têm que estar em unidades completas. Ele vai poder fazer mais e melhor se estiver em lugar com densidade tecnológica de acordo com a sua especialidade e onde ele possa de fato fazer os exames necessários. A tendência e o desenho ideal são que os especialistas estivessem nos grandes hospitais. Essa reorganização é mais eficiente e tem um custo-benefício maior para o sistema”, esclareceu.
Em relação à gratificação diferenciada dos residentes e médicos das clínicas, Betina explicou que a intenção é motivar os profissionais que possuem especializações, mestrados e doutorados e também retribuir os que ocupam cargo de chefia. De acordo com a subsecretária, os residentes do Programa de Saúde da Família recebem um salário de R$ 10 mil.
“Investir na residência foi um acerto muito grande. Antes precisávamos trazer profissionais de outros Estados para trabalhar nas nossas clínicas. Agora, cerca de 80% dos nossos residentes são contratados e continuam a trabalhar na rede com a conclusão da especialização. Nosso programa ganhou muito com isso”, disse Guilherme Wagner.
Os conselheiros também levantaram a importância da manutenção dos programas de diabete, hipertensão arterial, tuberculose, entre outros. O presidente do CREMERJ, Pablo Vazquez, também enfatizou a necessidade de criação da carreira de médicos com concurso público, como forma de fixar o médico e garantir a continuidade do modelo de atenção primária. “Defendemos a criação da carreira de Estado para os médicos, pois ela garante a manutenção dos programas e fortalece os movimentos da categoria, inclusive nas cidades do interior”, acrescentou.
Jogos Olímpicos 
A subsecretária de Promoção, Atenção Primária e Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, Betina Durovini, fez uma breve apresentação sobre o esquema de urgência e emergência montado pela SMS para os Jogos Olímpicos. De acordo com Betina, os atendimentos foram divididos nas quatro zonas olímpicas.  Para cada área, foram disponibilizados hospitais de referência e determinado número de leitos.
Na Barra da Tijuca, os atendimentos serão feitos no Hospital Municipal Lourenço Jorge e na Coordenação de Emergência Regional (CER) da Barra da Tijuca. Serão disponibilizados 231 leitos, sendo 22 complementares.  A Zona de Copacabana terá disponível o Hospital Municipal Miguel Couto e a CER Leblon, com 312 leitos fixos e 64 complementares.
Já na Zona do Maracanã, os atendimentos serão direcionados para o Hospital Municipal Souza Aguiar e para a CER Centro. Juntos, eles disponibilizarão 260 leitos e 30 complementares. Na Zona Olímpica de Deodoro, o Hospital Municipal Albert Schweitzer será a referência, com 440 leitos e 109 complementares. Os hospitais municipais Pedro II e Rocha Faria serão usados como retaguarda.
“Devido ao perfil do evento, nossa expectativa é que não haja um fluxo enorme de pessoas com traumas entrando nas emergências durante os Jogos Olímpicos. Mas caso isso aconteça, nossas unidades estarão preparadas para fazer o atendimento de maneira rápida”, finalizou.
O presidente do CREMERJ levantou a preocupação com os dados apresentados, pois a realidade é de superlotação nas unidades citadas. “Torcemos para que a Olimpíada seja um sucesso, para que não haja incidentes, mas a cidade precisa estar pronta para um evento dessa magnitude. Mas com a situação atual dos hospitais do Rio de Janeiro não temos como não ficar preocupados”, declarou.
Na próxima semana, o grupo responsável pela elaboração do plano de urgência e emergência para a Olimpíada fará uma nova apresentação para os conselheiros.